Adaptação

Um dia tive medo
Medo por ter medo
Medo de ter medo
Um medo antecipado
Nos meus piores dias conheci um monstro
Se pintava de novo 
Tinha alma de velho
Mal podia me mexer
Ou encontrar alguém
Nesses mesmos dias conheci um herói
Os heróis me salvaram
Do que pensei que seria a imensidão
Para mim era 
A imensidão
Tive medo
Encontrei outro monstro
Parecia maior
Porém familiar
Algumas adaptações 
E ele estava pronto
Por coincidência eu também estava
E o enfrentei
Decidi encará-lo 
E quando mostrei o meu herói 
O meu monstro desapareceu.

O monstro que havia em mim...

Amor Sagrado

Se os deuses existem
Elem saberão como o que sinto é real
Tão divino quanto  em sua existência
Tão grande e forte que nos parece imortal
E em sua mortalidade,
Algo grita mais forte
Descrevendo a sua grandeza
Descrevendo o sobrenatural
Sobretudo, escondo-me dentro e me mantenho seguro.
Chamei seu nome porém você não estava lá
Corri e não consegui alcançar
Nos separamos do mundo que prometemos criar
Mas se os deuses existem
Eles saberão o quando pra mim, o nosso mundo foi real.

Sentidos

Embaraços. 
Ruídos.
Contradições.
Vazios.
Mentiras.
Convicções.
Falsas Verdades.
Destroços. 
Todos juntos, num só sentido
Sentidos todos ao mesmo tempo.
Então eu paro
Reflito
E novamente fujo
Não quero que ninguém me encontre
E, portanto, que ninguém me veja. 
Se já não os sinto, não devem me sentir...

Cortesia

Há um mundo esquecido
Um outro lado de mim, 
Uma parte que diz ser errado
Outra parte que me convence e diz "Sim".
Há uma parte que me convida
E outra que adquiri como cortesia
Talvez essa parte seja você
Talvez você esteja aqui
Ainda em mim.
Talvez seja falta de educação se retirar no momento em que a dança começa
Talvez seja falta de educação colocar os ombros sobre a mesa
Talvez seja falta de educação impedir que me conduza
Talvez seja falta de educação te impedir
Então faça...Como cortesia...
E por mais uma vez me conduza
Me atiça. 
Me leva pra fora,
Me tire de mim. 
Há um mundo contraditório 
Eles dizem não, então nós dizemos sim...

...

Procuro meu erro
O que faltou de você aqui.
Talvez seja sentimentos turbulentos,
Talvez eles sejam demais, talvez , de menos.
Com insistência áquilo que já havia se perdido, correspondi.
Depois de algum tempo
De certa forma e modo já não eramos um. 
Já não havia diferença perto do seu corpo
A voz  não embargava.
Podemos nos transformar em outro
Mas quando dois olhos te olham
Assim tão perto e verdadeiros
Te fazem esquecer as palavras
Confundem teus pensamentos
Eu sei, precisava ter chorado
Para recomeçar meu canto.
Me lembrei de como era 
Senti saudade de mim
Estou voltando
Recomeçando.
Retrocedendo e te permito ir
Eu desisti. 
Procuro expectativas
Novas invenções
Controversas e pontos para ir
Procuro meu ego
A moralidade
E outras coisas afins. 

Franco

Verdade. Não presto pro seu amor casual
Pra suas horas de prazeres tão formal
Formado de sarcasmo 
Promessas e caráter tão fracos
Tenho medo de dar tudo á você
Me depositar em suas mãos. 
Mas quando o vejo sozinho
De alguma forma só o imagino comigo
E todo receio desaparece
Adoro o gosto do seu sorriso.
Eu tenho medo de dançar conforme o seu ritmo
De bailar em teus passos
Conforme a sua banda tocar
Eu tenho receio de fazer do seu sorriso
A porta de escape que faça eu me trancar
Eu tenho medo de ser o meu ar livre que me faça sufocar
Tenho receio de me fazer como sua 
Enquanto caminha milhas só para não me esbarrar
Tenho medo de todos os sentimentos que sinto
Mas dentre tantos,
Desse gosto que tomei pelo seu ofuscado brilho
Me leva á confusão 
Veio disfarçado e me acertou
Arrancou de mim parte do que acho que sou
Como um  processo erosivo 
Ou então um tremendo raio rasgando os céus ? 
Nada disso
Me acalma tão fácil que me perturbo. 
Fosse como fosse deveria estar bem melhor antes
E, antes de tudo, estava sozinho.

Cordel Encantado

Há quem diga que quem anda só
É melhor do que ao lado de quem não nos quer bem
Mas aprofundando cada pensamento
Esqueceram de lembrar do quanto o amor nos torna refém
Desde o piscar tão acelerado dos olhos
Da respiração ofegante que se dá
Até o momento do beijo mais lento
Que nos arrasta para as profundezas do mar.
Mar esse que não se toca, mas se sente
Quando trocamos os lábios
Tão facilmente.
Estou submergido mas respirando bem
Cada abraço é um encontro
Em cada encontro,um encanto
Em cada em encontro, um canto
E em cada canto ,um sorriso.
Dos processos químicos ás sensações de leveza que se sente
Da doçura da sua voz aos seu mais bravo brado e grito
Ao mesmo tempo que é veneno, é antídoto 
Tão doce quanto um músico preparando seu acústico 
Toda dor que senti não somente doeu
Corroeu. 
Toda voz que soava tinha o seu timbre
Todo calor que sentia parecia vir das suas mãos
Todo sussurro, parecia soar do teu choro
E o seu choro brevemente cessava quando acalmava em meus ombros
Estar só me lembra de como sou metade
Sem você, nada mais que a metade
Mesmo sendo a descrição do passado
Meus olhos não te enxergam como fardo
Não pesa, não mata, apenas me deixa no chão.
No seu chão.
É tudo o que eu achava que nunca seria
Que o coração não aceleraria
Que os pés não pisariam em falso
Mas como sempre amor,
Mesmo no chão, 
Me arrasta brutalmente
Para o seu cordel encantado. 

Vencerei

Aos dez anos cobria seus pés,
Temendo haver algo embaixo da sua cama.
Aos quinze, descobriu-os pela primeira vez...
Embora tivesse nas sombras,
Poderia ver claramente a cena que memorava...
Aos trinta relembrava de alguns desconfortos e como se refugiou. 
Aos cinquenta, via como aquele tempo era precioso e que logo passou. 
Aos sessenta sentia o corpo cansado e a sua carne estava debilitada
Aos setenta tinha as marcas da vida,
De dores, experiências, de experiências dolorosas. 
Aos setenta e quatro, sorria pra mim como se fosse sentisse ser seu último suspiro,
E eu a abraçava como se fosse o último abraço. 
Aos dezenove, sei que a minha trajetória será como a dela. Difícil. Mas eu também vencerei.