Com uma grande
quantidade de pessoas, animais, cores e aromas, a Índia, com um bilhão e meio
de habitantes, é um país de tradições milenares, marcada por grande
espiritualidade. Local de surgimento de quatro importantes religiões: Hinduísmo,
Budismo, Siquismo e Jainismo.
O movimento
dos barcos nas águas dos Ganges, acompanhado por oitenta e cinco escadarias ao
seu redor, começa bem cedo e é intenso. Ao amanhecer, a luz do sol esclarece
tamanha beleza. Localizada a cerca de 790 km da capital Nova Deli, Varanasi é
considerada umas das cidades mais antigas do mundo. Arqueólogos estimam cerca
de três mil anos, segundo á tradição Hindu, são mais de cinco milênios de
tradição e historia. São cerca de três milhões de habitantes e milhares de
visitantes.
Segundo a
mitologia Hindu, Varanasi é o local onde a deusa Shiva habitou com sua família,
por esse motivo, os hindus comparecem á cidade ao menos uma vez na vida para se
banhar no sagrado Ganges. Para quem acredita, Shiva faz parte de uma trindade:
Brahma, Vishnu e Shiva, onde Brahma é o criador, Vishnu, o responsável pela
preservação de tudo que existe e Shiva, o responsável pela destruição e renascimento
de tudo que existe. “Ganges” não é um
termo local, e sim “Gangá”, pois os rios são considerados como femininos,
devido às divindades. Os rios tem significado daquilo que purifica, portanto,
não são incomuns, banhos pelos hinduístas. O curioso é que por haver grande
quantidade de enxofre, o rio é resistente aos lixos jogados e as possíveis contaminações,
são resistente ás bactérias, apesar de considerado como um dos mais poluídos do
mundo.
Ritual de Celebração e Morte
Com o pensamento convicto em que cada alma está presa no ciclo de nascimento, falecimento e renascimento, a morte é encarada como um recomeço, vista com muita naturalidade. Destinado para higiene pessoal, intercessões, meditações e lavagem de roupa, á beira do rio existem dois
lugares reservados para cremação de corpos. As cerimônias perduram por todo o dia. Estima-se que aconteçam cerca de duzentas cremações todos os dias. O preço do quilo da lenha, utilizada para o ritual é negociado de acordo com a condição financeira e a qualidade da madeira; podem variar de cento e cinqüenta reais á vinte e três mil reais. Como em média nos país, a renda salarial é baixa, o governo criou no ano de 1989 um forno elétrico, com vinte reais é possível realizar a cremação, porém, muitos optam por deixar que a deusa Ganga se responsabilize pelo corpo. Are Baba!
Durante o ritual os corpos são colocados em macas, enfeitados e banhados no Ganges pela última vez. As mulheres, vestidas de branco, permanecem em casa, somente os homens acompanham o cortejo. Acreditam que as lastimas e os sofrimentos atrapalham a alma de seguir em paz o seu caminho para a reencarnação. Uma viúva jamais anda pelas ruas enfeitadas com belas roupas, pulseiras e jóias, pois o marido está morto e não há quem ela possa mais agradar. Tocar em um cadáver é considerado um ritual impuro, somente os pares da sociedade fazem esse serviço. O “pandit” caminha ao redor do morto e recita uns dos mantras da morte. Apenas cinco tipos de corpos não são cremados: Mulheres Grávidas- por acreditarem que a criança dentro dela permanece viva. Os leprosos- acreditam que quando os corpos são queimados, as bactérias pairam sobre o ar. As crianças com menos de cinco anos- por serem consideradas puras. Os que tiveram suas mortes ao serem picados por cobras- acreditam que a cobre é o símbolo de Shiva. E, por ultimo, os gurus- Considerados homens santos, que abandonaram suas famílias durante a vida em prol de conhecimento. Segundo os hindus, passaram pelo processo de morte antes mesmo de morrer. Amarrados á uma grande pedra, esses tipos de corpos são arremessados ao Ganges.
Os Sadhus são considerados homens santos, por renunciarem sua vida, família, emprego e amigos para se dedicarem á disciplina e evolução espiritual. Dedicam-se á meditação, sempre em busca de maior conhecimento sobre si mesmo, o objetivo a ser alcançado pelo hinduísmo. Levam sobre o corpo roupas laranja, símbolo de alta sabedoria, água sobre as mãos e sorrisos escancarados sobre seus rostos.
O dia longo termina e sobre os Gates de Varanasi, os rituais são realizados acompanhados de oferendas e agradecimentos.
Namastê!